Domingo, 06 de Fevereiro de 2011

A Carta que provavelmente não lererás

Olá meu amor,

Vou escrever aqui o que não te consigo dizer por palavras.  Não sei de onde este amor surgiu e porque surgiu. Sei que me arrebatou o coração, de uma forma que já há muito não era arrebatado, inundando-o de felicidades, medos, coisas normais de uma pessoa que se encontra apaixonada, coisa que foi acontecendo sem que eu desse por isso.

 

Gostaria que se um dia me perguntasses o que gosto em ti, eu não sentisse o medo bloquear-me a resposta tal como já aconteceu uma vez num daqueles cafés que costumamos frequentar, quando me perguntaste o que achava de ti, e eu respondi uma coisa simples, com medo de que ao começar a descrever-te denunciasse o que sinto por ti, e tudo o que até então tinha escondido de ti, fosse revelado.

 

Se me questionasses sobre esse assunto, a resposta seria simples. Gosto do teu cabelo desalinhado, desobediente, que teima em manter-se despenteado, lembrando a imagem de um cientista maluco ou de um comediante, pois segundo dizem o cabelo é um grande ponto de destaque quando se quer fazer comédia, contribuindo bastante para a imagem de um comediante.  Gosto da forma como ris, com essas tuas gargalhadas tão características e enérgicas, que contagiam qualquer pessoa que se encontre à tua volta. Gosto também da tua inocência e falta de jeito perante algumas situações, acabando quase sempre ou em atrapalhações ou em momentos demasiado cómicos, como é o caso dos "parabéns!", "super pau" e "obrigado". Gosto do teu cheiro, é hipnotizante, calmante. Já cheguei a adormecer com aquele cheiro, e se soubesses como é difícil resistir ao impulso de o sentir. Gosto da forma como consegues cativar tão facilmente as pessoas à tua volta, mas quando perante pessoas novas, ficas tão tenso, e quase sem reacção, não demonstrando o quão maravilhoso és. Gosta da forma como tentas sem sucesso, tornar-te uma pessoa séria. Gosta de te ver trajado, ou apenas de calças de ganga, camisa e colete, tal como estavas quando fui ao teu quarto antes do jantar de natal, ficas tão mas tão bem de fato.

 

O que eu gostava? Gostava que olhasses para mim da mesma maneira que eu olho para ti. A Margarida diz que já nem consigo disfarçar, que tenho de ter mais cuidado, se não quero ter de te revelar tão cedo o que sinto por ti, só sei que cada dia que passa, a vontade de ter força para o fazer cresce e cresce e cresce. Não tardará em que eu ganhe coragem em atirar para uma piscina, que não sei se estará cheia, mergulhando ou estará vazio, caindo no chão, magoando-me tanto, que as mazelas demorarão a passar.

 

Sabes o que não gosto? Não gosto quando a Paula tende a esfregar-me na cara o elevado número de horas que passas no quarto dela, declarando sempre que passas sempre lá mais tempo do que o que passas no meu quarto. Não gosto quando ela também insiste no quanto adoras o cabelo dela, e de brincar com os caracóis dela. E não gosto disto tudo porque, até a Margarida concorda comigo, quando acho que ela apenas o faz para me tentar fazer sofrer em vez de me apoiar em relação a ti, pois parece ter gosto em que eu me sinta mal, parecendo que o faz mesmo de propósito.

 

Tenho de te confessar que quando me mandaste aquela mensagem a perguntar se era verdade que eu gostava de ti, eu menti ao negar, porque sim eu amo-te. Menti com medo de assumir perante ti o que sinto, menti porque gelei ao ler a pergunta, menti porque achei impensável que naquele momento em que estavas ligeiramente alterado te fosse dizer o que quer que fosse, menti também com medo que respondesses "Obrigado" tal como já tinhas feito uma vez. Também disse que não, porque não tinha a certeza se no dia seguinte te lembrarias da resposta, porque apesar de estares alterado, ficarias com as mensagens guardadas no telemóvel, como uma prova escrita. Ficou provado mais tarde que te lembravas do que tinhas feito, quando disseste perante mim e a Margarida que não te lembravas do que tinhas dito no teu quarto naquela noite, enquanto olhavas sempre para mim enquanto pronunciavas a frase. Até a Margarida percebeu que me estavas a testar, para saber qual seria a minha reacção. Acho que talvez tenha conseguido disfarçar, pois a minha verdadeira vontade era perguntar "e lembraste da mensagem que me enviaste?" mas a forma como fizeste aquela afirmação, respondeu à pergunta que não te coloquei.

 

Se soubesses o quanto o Renato e a Julieta me têm ajudado e aconselhado. As vezes que foram arranjado desculpas esfarrapadas para eu te ver, as vezes que arranjaram um propósito para nos deixarem sozinhos. As vezes em que me encobriram.

 

Tenho de terminar pois esta carta já se encontra um pouco extensa demais. Termino desejando que um dia consiga revelar-te o que sinto por ti. E quão bom fosse que o sentimento que nutro por ti, fosse correspondido. Amo-te e isso basta-me por agora

 

 

 

publicado por saocoisasminhas às 15:43
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